Acho que já ouvi 500 vezes alguma amiga empolgada, li algum artigo em revista ou algum anúncio revelando as maravilhas do colágeno. Já comprei as famosas capsulazinhas gelatinosas vendidas em farmácias e as balinhas coloridas de colágeno empurradas por dermatologistas respeitadas e farmácias de manipulação. Existem cápsulas, shakes, chás, balas, barrinhas, sucos, uma lista sem fim de produtos que pipocam toda semana em mercados e drogarias.

Mas verdade seja dita, o hype do colágeno é apenas mais uma jogada inteligente de marketing, infelizmente. Nós mulheres sempre ficamos meio vulneráveis na hora de comprar qualquer coisa que prometa enganar mãe natureza e a lei da gravidade além dos nossos anos “prime”, não é? Eles sabem. Difícil resistir a potinhos fofos, rosas, com frases de impacto e promessas miraculosas.

Agora vou falar um pouco de termos técnicos, mas aguenta aí que vou te economizar um dindin. O colágeno é uma proteína e, como qualquer proteína, quando entra em contato com o ácido gástrico do estômago é quebrada em aminoácidos individuais que depois serão reorganizados pelas células de acordo com suas necessidades. Ou seja, faz tão ‘bem’ pra pele quanto comer um pedaço de carne. Meio desanimador né? Mas piora.

Vendo que o nicho de mercado para produtos como esses continuava escancarado e com sede, começaram a lançar cremes, géis, loções e afins prometendo uma pele firme, durinha, sem celulite e sem estrias. ‘Cêjura’, né?? O que teria de cirurgião plástico pedindo esmola na rua.. rs Acontece que a molécula do colágeno é gigante, e quando aplicada topicamente fica lá, com tédio, sem ter pra onde ir, até que você lave o rosto ou dê uns amassos no seu namorado.

Mas até esse ponto nós já estávamos mais bem informadas. Então, dermatos revendo suas aulinhas de microbiologia lá do primeiro e segundo ano da faculdade, resolveram criar o colágeno micronizado, com micromoléculas que penetram na pele e dão bochechas de bumbum de nenêm!! Só que não. Quando (e se) esse tipo de colágeno é absorvido, o organismo encara como um outro agente invasor qualquer.. reconhece e destrói. Se der tudo certo, suas células brancas vão cuidar de tudo e não vai acontecer nada. Se não der, você vai ter uma reação alérgica. Aí é culpa da sua pele, que é ‘sensível’.

Então, como lidar? Preservando e cuidando com muito amor do colágeno que ainda temos, para diminuir sua degradação. Se você for uma produto-aficionada que nem eu, que não aguenta dormir com o peso na consciência de não ter passado nada na pele, tem vários produtos que funcionam – aí sim- com fundamento e comprovação científica. Um bom exfoliante diário, ácidos alfa-hidróxidos para ter uma renovação celular saudável, retinol..

Pra um procedimento um pouco mais invasivo, existe o ácido hialurônico injetável, tipo Restylane ou Juvederm, que estimula os fibroblastos da pele a produzirem colágeno e ainda protegem o estoque que você já tem. Também servem como preenchimento instantâneo para eventuais ruguinhas ou depressões.

Um momento em que a pele produz bastante colágeno é quando repara um ferimento, criando uma cicatriz. Pensando nesse mecanismo são usados também lasers como o Fraxel, tratamentos com dióxido de carbono, e outros que produzem um dano controlado na pele, para incentivar essa síntese. Opções não faltam.

Mas o segredo principal é que não tem segredo, é tudo que a gente já está careca de saber. Uma pele bonita e saudável é consequência do cuidado que temos com a gente como um todo, né? Uma alimentação com bastante frutas e verduras para usufruir dos nossos best friends antioxidantes, incluir ácidos graxos tipo Omega-3 e EPA, não fumar, dormir bem, se exercitar e investir num ótimo protetor solar de uso diário com o money que economizou agora que você sabe.