Vocês sabem o que significa ESG? A sigla “Environmental, Social and Governance”, traduzida como Ambiental, Social e Governança virou o mote das empresas que sabem que é necessário seguir certos parâmetros para crescer e serem respeitáveis. Nesta coluna, a economista Bruna Rezende nos convida para pensar sobre o tema e aplicar em nossos negócios.
A pandemia colocou o ESG na pauta dos boards, comitês e conselhos de administração das empresas. Passamos por uma primeira onda nos familiarizando com essas letrinhas. O que é? Como se aplica ao nosso setor? É passageiro ou veio para ficar?
Passada essa primeira onda, mais abrangente e conceitual, avançamos para 2022 com uma nova pergunta: por onde começamos?
ESG abarca tanta coisa e, quando pensamos em práticas ambientais, sociais e de governança, percebemos que essa pergunta veio muito conectada com outros dois pontos:
• O primeiro: o que é material para aquela indústria, ou seja, onde ela pode mitigar riscos e impacto.
• E o segundo: que tipo de pressão a empresa está sofrendo. Investidores cobrando compromissos e estabelecendo metas de um lado, e/ou consumidores exigindo alterações sustentáveis em seus produtos e serviços.
Esse é um jeito de olhar para ESG. Olhar como algo que precisamos nos adequar para cumprir exigências. E, não há problema algum aqui.
Mas, acredito que o ESG é um grande catalisador de oportunidades para pessoas e para empresas. Para pessoas, porque os investimentos aportados são nas cifras dos bilhões e bilhões de dólares nessa década, o que vai demandar profissionais especializados no assunto. E, para empresas, porque é um trunfo para diferenciação, ambiente fértil para inovação e criação de vantagem competitiva.
E por que acredito nisso?
Porque o ESG é a forma que o mundo dos negócios encontrou para endereçar a economia doughnut nas empresas. E, por isso, não podemos falar de ESG sem contemplar o contexto maior onde ele está inserido. Do contrário, corremos o risco de colocar o ESG em uma caixinha muito restrita, dentro de áreas de sustentabilidade, criando indicadores e métricas para medir projetos, não necessariamente, estruturantes.
Precisamos de mudanças
Precisamos criar um espaço justo e seguro para a humanidade. E esse espaço é uma rosquinha, um doughnut, como aborda a criadora do conceito Kate Raworth. A borda de fora representa nosso teto ecológico que estamos pressionando continuamente, gerando mudanças climáticas, perda de biodiversidade, poluição do ar, entre outros. E, a borda de dentro, representa nosso alicerce social que está em déficit, no que tange a acesso a moradia digna, saúde, igualdade social, equidade de gênero e outros mais.
Nesse sentido, o ESG pode ser a forma de agir da empresa a partir do centro de sua estratégia. Transformando dores e necessidades do lugar onde essa empresa atua em oportunidades reais de diferenciação para a empresa, criando soluções de impacto que gerem ganha-ganha-ganha. Ou seja, onde a empresa ganha, a sociedade ganha e o planeta ganha.
Isso faz com que o ESG seja transversal às áreas de uma organização. É uma nova mentalidade de negócios.
Por exemplo, se atingirmos emissões líquidas zero de carbono, mas negligenciarmos igualdade social ou seguirmos com a avassaladora perda de biodiversidade, o que isso significa para o bem estar do mundo vivo, ou seja, para as pessoas e para o planeta?
Precisamos ser rigorosos nessa reflexão. Estamos trabalhando para uma grande virada no modo de pensar e fazer negócios? Estamos incorporando isso aos poucos em nossa atuação?
Um futuro viável para todos
O ESG é nossa oportunidade de sermos “game changers” dessa grande virada da nova mentalidade de negócios, em que com método, cadência e leveza, conseguiremos fazer uma travessia para um futuro viável para todos.
A pergunta que norteia minha atuação é “o quanto de benefício para a sociedade e para o mundo vivo estamos gerando em nossa atuação?”. Talvez seja uma boa pergunta para você se fazer também.
Beijos e até a próxima.