O que faz de Taylor Swift um ícone da atualidade?

13/12/2024 - por Izabella Toledo (@izabellatmelo)

Seja você fã ou não de Taylor Swift, é impossível negar seu sucesso e seu impacto cultural, econômico e social

Taylor Swift era jovem quando se encontrou com o público pela primeira vez. Aos 16 anos, revelou seu talento com um álbum de música country que levava seu nome no título. 

Ao longo de duas décadas, Swift construiu a carreira lentamente, passo por passo, e, quando pensava que estava diante de sua última oportunidade de brilhar, teve a grande virada de chave. Em 2019, a artista revelou: “Agora, que me aproximo dos 30, quero trabalhar muito enquanto a sociedade ainda tolera que eu seja bem-sucedida”. 

Desde então, a artista se tornou um fenômeno capaz de movimentar a economia global, quebrar recordes e mudar a forma como a indústria do entretenimento se comporta. Confira, abaixo, alguns motivos que comprovam por que a “Miss Americana” é uma das maiores artistas da história: 

 ‘Cause I’m a mastermind

Taylor pode ter começado cedo, mas suas letras já carregavam as habilidades de uma compositora experiente. 

A artista sabe o que funciona em termos técnicos, com refrões contagiantes e rimas bem-construídas, mas é também expert quando o assunto é contar histórias envolventes — algo que poucos conseguem. Suas letras sinceras são capazes de transportar o ouvinte para cenários específicos, despertar memórias ou evocar sentimentos. 

Em suas músicas, Taylor cria personagens complexos — sejam eles ficcionais ou inspirados em pessoas reais. 

Não à toa, a artista recebeu, em 2023, um doutorado honorário em Belas Artes da Universidade de Nova York (NYU). O título é concedido para quem se destaca na área, mas não cursou o programa de estudos da universidade. 

Haters gonna hate

(Foto: reprodução)

Quando, em 2020, Taylor escreveu que “quando você é jovem, eles presumem que você não sabe de nada”, não é difícil imaginar que tenha se baseado em experiências pessoais  — como fez em tantas outras canções. 

Em um dos casos mais conhecidos, quando tinha 19 anos, a artista foi interrompida pelo rapper Kanye West durante seu discurso de agradecimento pelo prêmio máximo do VMAs, sob o argumento de que Beyoncé deveria ter sido a vencedora. 

Anos depois, mesmo com inúmeros reconhecimentos da indústria e do público, encarou comentários de que o episódio com West foi o que a havia tornado famosa. 

A ideia de que seu trabalho era irrelevante perdurou por anos, e Swift se tornou alvo de críticas por escrever sobre seus relacionamentos. Enquanto expunha seus sentimentos e traduzia o de tantas outras pessoas, era acusada de ser superficial. 

Hoje, a cantora e sua comunidade reúnem elementos-símbolo de uma feminilidade juvenil e os usam com orgulho.Depois décadas em que as mulheres precisaram adotar códigos masculinos para conquistar reconhecimento, Taylor prova que brilhos, cor-de-rosa, miçangas e confetes podem, sim, fazer parte da construção desse poder.

So make the friendship bracelets

Pode ser difícil compreender o que faz os fãs de Taylor tão fiéis à artista, mas uma palavra ajuda a explicar: identificação. No início da carreira, sua capacidade de se conectar com meninas adolescentes se deu pelo simples fato de que era uma delas. Anos mais tarde, o vínculo parece ter se fortalecido, como o que existe entre amigas de infância. 

Durante duas décadas, expôs suas vulnerabilidades em músicas que relatam experiências de uma garota comum — e até um pouco desajeitada —, que sofre com inseguranças, se diverte com as amigas e vive desilusões amorosas. 

Taylor é a “garota da casa ao lado”. Apesar das cifras bilionárias e da rotina exaustiva de apresentações, a cantora se torna acessível de outras maneiras. Nos shows, incorpora rituais de fãs ao repertório, como as famosas “bridges” e a troca das pulseiras da amizade. 

(Foto: reprodução)

O público é envolvido nos projetos e recompensado de diferentes maneiras. Há não muito tempo, a artista recebia, em sua casa, fãs que ela mesma escolhia, nas chamadas “Secret Sessions”. Nos encontros, tocava músicas que ainda seriam lançadas e interagia com cada um deles. 

Além disso, a loira tem o hábito de esconder mensagens que apenas os mais engajados descobrem. No início de sua carreira, deixava códigos nos encartes dos CD’s para revelar as inspirações de suas músicas. Hoje, usa as redes sociais para deixar pistas sobre projetos futuros. 

Taylor se empenha pelos seus fãs, e o esforço é notado e retribuído. A devoção dos Swifties, aliás, não passa despercebida pela cantora, que, a todo tempo, agradece o apoio como se fosse a primeira vez. 

Karma is the guy on the Chiefs

(Foto: reprodução)

Dona de uma lista invejável de ex-namorados, Taylor Swift não esconde que suas músicas são sobre situações pelas quais passou. Uma vez, declarou: “parta meu coração, e eu vou escrever uma canção sobre você”. 

Após términos dolorosos e músicas sobre todos eles, Taylor vive, agora, o roteiro de um filme adolescente, em que a garota desengonçada fica com o capitão do time de futebol. 

Seu romance com Travis Kelce fez com que Taylor quebrasse a barreira da National Football League (NFL). Além de se tornar conhecida entre o público que acompanha futebol americano, levou sua própria base de fãs para o esporte. 

Não à toa, nos jogos em que marcava presença, a audiência disparava — tudo por alguns segundos da loira na tela. 

Na última edição do Super Bowl, a cantora voou do Japão para os Estados Unidos para ver Kelce disputar (e ganhar!) a final, e, com milhões de fãs esperando sua aparição, os anunciantes aproveitaram: pela primeira vez na história, a final do campeonato contou com anunciantes que se comunicavam diretamente com o público feminino, como a L’Oreal e a e.l.f. cosmetics. 

I can do it with a broken heart

(Foto: reprodução)

À medida em que seu sucesso aumentava, também a comparação com outros artistas — como Michael Jackson, Madonna, Drake ou os Beatles. 

Aliás, Billy Joel uma vez disse que o fenômeno-Taylor é o único que pode ser comparado à Beatlemania dos anos 60. A diferença é que, enquanto a banda britânica teve uma ascensão muito rápida, Taylor cresceu lentamente até, finalmente, começar a quebrar recordes. 

Ela não foi apenas a pessoa mais jovem da história a ganhar o prêmio de “Álbum do Ano” no Grammy Awards, mas também a única a recebê-lo quatro vezes. 

Também, foi a artista que mais recebeu indicações pela “Música do Ano” na premiação, e, no VMAs, leva a maior quantidade de vitórias pelo “Vídeo do Ano”. 

Seus recordes continuam: é a única artista a ocupar, ao mesmo tempo, todas as vagas do top 10 do Billboard Hot 100 — e, depois, quebrou o próprio feito, ocupando as 14 primeiras posições. No streaming (Spotify), garantiu os títulos de álbum e artista mais reproduzidos em um único dia. 

Tudo isso explica o fato de que Taylor é a artista feminina com maiores ganhos na indústria da música, com um patrimônio líquido de mais de US$ 1 bilhão. 

The Eras Tour

(Foto: reprodução)

A supremacia Swift parece ter chegado ao ápice com a turnê “The Eras Tour”, quando, por 21 meses, passou por cinco continentes com 149 apresentações de mais três horas de duração. 

A tour, que celebrou sua carreira e seus principais hits ao longo de quase 20 anos, surpreendeu o público com verdadeiros espetáculos. Para os sortudos que conseguiram um ingresso para o grande dia, a preparação começava semanas antes, com a elaboração de figurinos, pulseiras da amizade e maquiagens inspiradas nas obras da artista. 

A frenesi rendeu à turnê o título de maior bilheteria da história: foram US$ 2 bilhões apenas em vendas de ingressos.  

The Man

(Foto: reprodução)

A movimentação que antecedia a chegada de Taylor não foi apenas dos fãs: nas cidades em que se apresentou, a economia local foi impactada. 

Os setores de viagens, hospedagem e alimentação foram os que mais notaram mudanças. Nos Estados Unidos, os fãs gastaram em média US$ 1.300 com essas despesas, segundo a Associação de Viagens dos EUA (US Travel Association). 

No Brasil, em novembro de 2023, o “Efeito Swift” ajudou na recuperação de setores que observavam quedas nos três meses anteriores. 

O fenômeno não foi isolado e aconteceu cidade após cidade por onde Taylor passou, em uma escala jamais vista antes. 

A movimentação também foi observada na indústria cinematográfica, já que, diante de apresentações esgotadas e um público que ansiava por mais, Swift lançou “Taylor Swift: The Eras Tour”, uma versão da turnê adaptada para as telas. 

Logo no fim de semana de estreia, dominou 73% da bilheteria dos cinemas nos Estados Unidos, com faturamento de US$ 96 milhões na abertura. Na semana seguinte, bateu o aguardado filme de Scorsese, “Assassinos da Lua das Flores”, rendendo mais algumas dezenas de milhões. 

Taylor’s Version

Quando um artista começa tão jovem quanto Taylor, não é raro que assine contratos dos quais possa se arrepender no futuro. Em 2018, quando rompeu o acordo firmado com a gravadora Big Machine Records 13 anos mais cedo, Swift decidiu assinar com a Republic Records, mas perdeu o direito sobre suas próprias canções. 

Em 2021, após tentativas falhas de recomprar os masters (as gravações originais), a artista anunciou que regravaria todos os seus álbuns antigos, como forma de possuir de volta os direitos sobre sua própria obra. 

Desde então, além de lançar versões levemente repaginadas (Taylor’s Version), a cantora traz, ainda, novidades que foram descartadas nos álbuns originais (“From the Vault”). 

O conflito com sua antiga gravadora gerou debates sobre os direitos autorais e a autonomia artística na indústria musical e gerou, ainda, uma discussão sobre a forma como os contratos são negociados. 

Desde que Taylor passou a regravar suas músicas, outros colegas de profissão seguiram o mesmo caminho, como Switchfoot, Wheatus e Paris Hilton.  

We gotta do it ourselves

Se, aos 21 anos de idade, Taylor declarou que questões políticas não cabiam em suas músicas, uma década mais tarde, o cenário é outro. 

Além de músicas que carregam este viés, desde 2018, Swift expressa seu posicionamento sem medo. Em seu documentário “Miss Americana”, lançado em 2020, a artista revela, a seu pai, que sentia a necessidade de “estar do lado certo da história” e, em outro momento, critica o então presidente Donald Trump. 

Esse ano, o ex-presidente voltou à disputa pelo cargo na Casa Branca, e Taylor não deixou dúvidas que apoiaria a candidata democrata Kamala Harris. 

Após a divulgação de um vídeo criado por IA, em que a imagem da cantora foi usada para apoiar Donald Trump, Taylor fez uma postagem em suas redes sociais anunciando seu voto em Harris e Walz. 

“Estou votando em @kamalaharris porque ela luta pelos direitos e causas que acredito que precisam de alguém determinado para defendê-las. Acho que ela é uma líder talentosa e com mão firme, e acredito que podemos alcançar muito mais neste país se formos liderados por calma e não pelo caos. Fiquei muito animada e impressionada com sua escolha de companheiro de chapa, @timwalz, que tem defendido os direitos LGBTQ+, a fertilização in vitro e o direito das mulheres sobre seus próprios corpos há décadas”.  

A publicação, que lembrava que “para votar, é necessário estar registrado!”, impulsionou as visitas ao site de regularização do status de registro e contribuiu para o aumento significativo de pessoas cadastradas — mais um sinal de sua capacidade de influenciar pessoas de todas as idades. 

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